No intrincado palco da vida, vestimos diversas personas, máscaras que nos auxiliam a interagir com o mundo. Carl Jung, apresentou o conceito de persona como um 'traje' necessário, uma adaptação social que nos permite navegar pelas complexidades da existência.

No entanto, em um mundo cada vez mais exigente, corremos o risco de nos perdermos em meio a essas personas. O que acontece quando a 'roupa' que vestimos deixa de servir? Quando a persona, em vez de filtro, se torna prisão? Jung considera a persona um componente essencial da nossa relação com o mundo, uma faceta do ego que escolhemos revelar ou ocultar.

No ambiente profissional, a persona do trabalho muitas vezes se torna predominante, absorvendo toda a nossa identidade. Vestimos a máscara do profissional competente, do líder inspirador, do colega prestativo. E, em muitos casos, essa máscara se torna tão confortável que nos esquecemos de quem somos por baixo dela. O perigo reside na fusão entre identidade profissional e pessoal. Quando nos definimos apenas pelo que fazemos, corremos o risco de nos alienarmos de nós mesmos. A exaustão, a perda de sentido e as crises existenciais são os fantasmas que assombram aqueles que se perdem em meio à persona do trabalho.

Para alguns, a persona do trabalho se torna uma segunda pele, uma roupa que não conseguem tirar mesmo fora do expediente. Líderes que não conseguem relaxar, profissionais que sentem culpa ao desconectar, o medo de não serem aceitos fora do papel profissional. A vida se torna um palco onde a única personagem permitida é a persona do trabalho. O resultado é uma vida empobrecida, onde a identidade se restringe ao que se faz, e não a quem se é. A sensação de vazio, a falta de pertencimento e a angústia se instalam, corroendo o direito de existir para além do trabalho.

A persona, como parte do ego, é uma construção social, uma forma de nos apresentarmos ao mundo. Mas quando uma única persona domina, sufocamos outras facetas da nossa identidade. Quem somos nós sem nossos títulos, cargos e responsabilidades?O 'direito de existir' reside na redescoberta da nossa essência, na busca por uma identidade que transcenda o trabalho. É um convite à reflexão: quais são minhas outras personas? Quais paixões, talentos e valores me definem além do que faço?

A persona é necessária. Mas sua rigidez pode nos aprisionar em papéis limitantes. A flexibilidade, a capacidade de transitar entre diferentes personas, é fundamental para uma vida plena e autêntica.

Convido você a uma jornada de autodescoberta:

  • Quem sou eu sem meu trabalho?
  • Quais são minhas outras personas?
  • Estou vestindo uma roupa que me serve ou que me aprisiona?


Imagine um mundo onde pudéssemos nos expressar com autenticidade em todos os aspectos da vida. Um mundo em que a cada persona fosse um traje leve, e não uma armadura opressora. Essa jornada começa com a consciência—com o questionamento das máscaras que usamos e a busca pela nossa verdadeira essência.

Cabe a nós ressignificar a narrativa e transformar a dinâmica ao nosso redor.

Quando mudamos nosso próprio espaço, abrimos caminho para um novo mundo.