Quando o trabalho nos adoece: a jornada da alma em tempos de esgotamento

9 abril, 2025

Há dores que não gritam.

Elas se escondem nos silêncios, nas insônias, nas manhãs que pesam mais do que deveriam
Você segue entregando, funcionando, atendendo expectativas — mas lá dentro, algo começou a se apagar. É sutil no começo. Um incômodo aqui, um vazio ali. Mas, aos poucos, essa sensação se torna uma presença constante: um cansaço que não passa, um desconforto sem nome, uma vida que já não parece sua.

Vivemos tempos em que o trabalho deixou de ser apenas trabalho. Ele se tornou identidade, missão, propósito. Somos constantemente lembrados de que precisamos "fazer o que amamos", como se isso resolvesse a dor de estar desconectado de si. E nessa busca, nos perdemos em papéis, metas, personas — moldes que nos afastam da nossa verdade interior.

Em algum momento, o corpo começa a dar sinais. A mente perde o ritmo. A alma… se distancia. E o que aparece pode ser chamado de ansiedade, burnout, estafa — mas no fundo, o que está acontecendo é um descompasso profundo entre quem você é e o papel que tem sustentado.

 

A tendência do ser humano é tratar esse colapso mental como falha, fraqueza, problema. Mas e se for o contrário? E se esse momento for um chamado da alma, um rompimento necessário com aquilo que já não faz mais sentido?

Na psicologia junguiana, acreditamos que há um movimento simbólico acontecendo quando adoecemos dessa forma. Um movimento interno que nos convida a deixar os papéis herdados — e caminhar em direção ao que é mais verdadeiro em nós. Esse tipo de sofrimento não se cura com produtividade, frases prontas ou promessas de alta performance emocional. Ele precisa de escuta. De presença. De coragem para pausar e abrir espaço para o que há tanto tempo tem sido silenciado.

 

A jornada da alma não é linear. Ela se desenha em espiral: vamos e voltamos, caímos e levantamos, mergulhamos e emergimos.
Antes de “melhorar”, muitas vezes é preciso encarar o inverno psíquico — aquele tempo de recolhimento em que nada floresce por fora, mas tudo se move por dentro.

Na clínica, acompanho muitas pessoas que chegam acreditando que estão falhando. Mas o que vivem, na verdade, é o início de uma transformação profunda. Elas estão apenas cansadas de sustentar uma versão de si que não dá mais conta do que pulsa dentro.

O que se rompe nesse momento não é a capacidade. É o pacto inconsciente com uma vida que já não reflete quem se é.

 

Fica aqui um convite para recomeços, se algo em você reverberou, talvez seja hora de escutar com mais delicadeza o que já vem sussurrando há algum tempo. Talvez sua alma esteja pedindo passagem. Talvez não seja fraqueza. Talvez seja o começo de uma reconexão.

Um processo terapêutico pode ser essa travessia — o espaço onde a alma encontra nome, acolhimento e direção.


Na Senda da Alma, meu propósito é criar esse espaço seguro: onde você pode parar de performar, e começar a se ouvir de verdade.

Se for o momento, minha presença está aqui.
👉 Clique aqui para acessar o texto e agendar sua sessão.

 

02/04_Dia Mundial da Conscientização do Autismo: um caminho de visibilidade, compreensão e ação!

2 abril, 2025

Hoje, 2 de abril, é o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, uma data essencial para ampliar o entendimento sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e reforçar a importância da inclusão, respeito e acesso a direitos fundamentais.

Ao longo dos anos, essa data abriu espaço para um debate mais profundo sobre neurodivergência – um conceito que engloba não apenas o autismo, mas também TDAH, dislexia, discalculia, altas habilidades, entre outras formas únicas de funcionamento cognitivo.

Como psicóloga e pessoa neurodivergente, vejo de perto os desafios e também as riquezas de pensar e existir fora dos padrões esperados. Mas a conscientização, por si só, não basta. Precisamos transformar discursos em ações reais.

🔹 Como podemos tornar ambientes mais acessíveis?
🔹 O que estamos fazendo para acolher diferentes formas de pensar e aprender?
🔹 De que maneira garantimos que neurodivergentes sejam ouvidos e respeitados?

Sair do discurso e partir para a ação significa ajustar processos seletivos, flexibilizar formas de trabalho e ensino, ampliar diagnósticos e tratamentos acessíveis, e acima de tudo, garantir que a inclusão seja uma prática diária, e não apenas uma pauta de um único dia no ano.

A verdadeira inclusão acontece quando deixamos de esperar que as pessoas se encaixem em padrões rígidos e começamos a reconhecer, valorizar e adaptar o ambiente às diferentes formas de pensar, sentir e se relacionar.

Que este dia nos lembre da nossa responsabilidade coletiva de construir um mundo onde todas as mentes tenham espaço para florescer. Não basta falar sobre neurodiversidade – precisamos agir! 💙

#DiaMundialDoAutismo #Neurodiversidade #Inclusão #Conscientização #Ação #CadaMenteÉUmMundo

 

Quem somos além dos papéis que desempenhamos?

31 março, 2025

No intrincado palco da vida, vestimos diversas personas, máscaras que nos auxiliam a interagir com o mundo. Carl Jung, apresentou o conceito de persona como um 'traje' necessário, uma adaptação social que nos permite navegar pelas complexidades da existência.

No entanto, em um mundo cada vez mais exigente, corremos o risco de nos perdermos em meio a essas personas. O que acontece quando a 'roupa' que vestimos deixa de servir? Quando a persona, em vez de filtro, se torna prisão? Jung considera a persona um componente essencial da nossa relação com o mundo, uma faceta do ego que escolhemos revelar ou ocultar.

No ambiente profissional, a persona do trabalho muitas vezes se torna predominante, absorvendo toda a nossa identidade. Vestimos a máscara do profissional competente, do líder inspirador, do colega prestativo. E, em muitos casos, essa máscara se torna tão confortável que nos esquecemos de quem somos por baixo dela. O perigo reside na fusão entre identidade profissional e pessoal. Quando nos definimos apenas pelo que fazemos, corremos o risco de nos alienarmos de nós mesmos. A exaustão, a perda de sentido e as crises existenciais são os fantasmas que assombram aqueles que se perdem em meio à persona do trabalho.

Para alguns, a persona do trabalho se torna uma segunda pele, uma roupa que não conseguem tirar mesmo fora do expediente. Líderes que não conseguem relaxar, profissionais que sentem culpa ao desconectar, o medo de não serem aceitos fora do papel profissional. A vida se torna um palco onde a única personagem permitida é a persona do trabalho. O resultado é uma vida empobrecida, onde a identidade se restringe ao que se faz, e não a quem se é. A sensação de vazio, a falta de pertencimento e a angústia se instalam, corroendo o direito de existir para além do trabalho.

A persona, como parte do ego, é uma construção social, uma forma de nos apresentarmos ao mundo. Mas quando uma única persona domina, sufocamos outras facetas da nossa identidade. Quem somos nós sem nossos títulos, cargos e responsabilidades?O 'direito de existir' reside na redescoberta da nossa essência, na busca por uma identidade que transcenda o trabalho. É um convite à reflexão: quais são minhas outras personas? Quais paixões, talentos e valores me definem além do que faço?

A persona é necessária. Mas sua rigidez pode nos aprisionar em papéis limitantes. A flexibilidade, a capacidade de transitar entre diferentes personas, é fundamental para uma vida plena e autêntica.

Convido você a uma jornada de autodescoberta:

  • Quem sou eu sem meu trabalho?
  • Quais são minhas outras personas?
  • Estou vestindo uma roupa que me serve ou que me aprisiona?


Imagine um mundo onde pudéssemos nos expressar com autenticidade em todos os aspectos da vida. Um mundo em que a cada persona fosse um traje leve, e não uma armadura opressora. Essa jornada começa com a consciência—com o questionamento das máscaras que usamos e a busca pela nossa verdadeira essência.

Cabe a nós ressignificar a narrativa e transformar a dinâmica ao nosso redor.

Quando mudamos nosso próprio espaço, abrimos caminho para um novo mundo.

 

A Ilusão do Bem-Estar: Vulnerabilidade Emocional no Ambiente Corporativo

26 março, 2025

O aumento alarmante dos afastamentos por questões de saúde mental no ambiente corporativo revela uma crise silenciosa que afeta milhões de profissionais em todo o mundo. As empresas, cada vez mais conscientes desse problema, adotam discursos de bem-estar e segurança psicológica, promovendo iniciativas como espaço de relaxamento/descompressão, mindfulness, gympass, horários flexiveis, disponibilizar linhas telefônicas ou chats online confidenciais, onde os funcionários podem buscar ajuda em momentos de crise ou dificuldade e até mesmo o quase extinto trabalho remoto. No entanto, questiona-se a suficiência dessas ações para combater a raiz do problema. Enquanto algumas implementam ações efetivas, outras ainda negligenciam a saúde mental de seus colaboradores. Propõe-se que tais iniciativas podem servir como "cortina de fumaça" para mascarar culturas tóxicas e práticas de exploração que aumentam a vulnerabilidade emocional dos funcionários, especialmente quando se considera que muitas dessas práticas nem sempre são utilizadas pelos profissionais, imersos em responsabilidades, projetos, tarefas do dia a dia e na busca constante por “ir além ou fazer a mais ou sair da zona de conforto".

A cultura da exaustão, que se intensifica no ambiente de trabalho contemporâneo, exige um desempenho constante e crescente. A pressão para assumir múltiplas responsabilidades, muitas vezes além do escopo da função original, e para exceder as expectativas, somada à realização de tarefas que antes demandavam mais de um profissional, cria um cenário de sobrecarga. Metas inatingíveis e prazos desafiadores transformam o cotidiano em uma batalha constante, onde a exaustão emocional se torna a norma, expondo os trabalhadores à vulnerabilidade. Curiosamente, profissionais outrora considerados referências, que antes personificavam o sucesso e a alta performance, hoje se encontram em um estado de vulnerabilidade, amargando as consequências dessa cultura.

A vulnerabilidade emocional, intensificada pela cultura da exaustão, que se manifesta em ambientes de trabalho contemporâneos, acarreta uma série de consequências psicológicas devastadoras. Esse contexto de angustia leva ao autoquestionamento das próprias competências, à dúvida constante sobre a capacidade de realizar o trabalho de forma satisfatória e à sensação de inadequação. A escassez de reconhecimento e a constante sensação de que o trabalho nunca é suficiente intensificam esse ciclo de insegurança.

A cultura do silêncio, que se manifesta na ilusão da abertura, na minimização dos problemas e no fingimento da escuta, leva os profissionais a internalizar a culpa e a duvidar de suas próprias capacidades, aumentando sua vulnerabilidade emocional. A falta de reconhecimento, a comunicação ineficaz, a sobrecarga de informação e a hiperconectividade desvinculam os indivíduos de suas emoções, transformando-os em meras engrenagens de uma máquina implacável. Nesse cenário, o questionamento do status quo torna-se impensável, por receio de ser considerado 'fraco' ou 'incompetente', intensificando a vulnerabilidade emocional. Essa alienação, descrita por Marx como a perda de significado e a desumanização no trabalho, é uma das consequências da exploração que leva à vulnerabilidade emocional.

O reconhecimento, quando escasso e seletivo, deixa de ser um incentivo genuíno e se transforma em uma ferramenta de controle, aumentando a vulnerabilidade emocional dos trabalhadores. As empresas podem utilizá-lo para recompensar aqueles que se submetem às práticas de gestão tóxicas e para punir aqueles que questionam o status quo, criando um ambiente onde a lealdade e a subserviência são mais valorizadas do que a competência e a integridade. A falta de reconhecimento leva os trabalhadores a se sentirem desvalorizados e desmotivados, questionando o significado de seu trabalho e duvidando de suas próprias capacidades. Essa desvalorização contribui para a erosão da autoconfiança e o agravamento da vulnerabilidade emocional. A busca por reconhecimento se torna um ciclo interminável de frustração, onde o esforço nunca é suficiente e as recompensas são inatingíveis. Essa frustração constante leva à exaustão emocional, ao ressentimento e à alienação, prejudicando a saúde mental e a qualidade de vida dos trabalhadores

Vemos a evolução de um panorama preocupante do ambiente de trabalho contemporâneo. A cultura da exaustão, a pressão constante por alta performance, o reconhecimento escasso e seletivo, a cultura do silêncio e a alienação se combinam para criar um cenário de vulnerabilidade emocional generalizada. As empresas, ao invés de oferecerem soluções genuínas para o bem-estar de seus funcionários, muitas vezes se valem de discursos e práticas que servem apenas como ilusão, mascarando a realidade de um ambiente tóxico e explorador.

A urgência de uma mudança radical se faz evidente. É imperativo que as organizações repensem suas práticas de gestão e adotem abordagens mais humanas e sustentáveis. A saúde emocional dos trabalhadores deve ser colocada no centro das decisões, com a implementação de políticas e práticas que promovam a comunicação aberta, a transparência, o reconhecimento justo e o respeito à individualidade. A construção de um ambiente de trabalho saudável e equilibrado exige um compromisso coletivo. É necessário que os trabalhadores se unam para exigir seus direitos e para denunciar as práticas abusivas. As empresas, por sua vez, devem assumir a responsabilidade de criar um ambiente onde a saúde emocional seja priorizada e onde o bem-estar seja uma realidade, e não apenas um discurso vazio.

A transformação do ambiente de trabalho não é apenas uma questão de responsabilidade social, mas também uma necessidade para a sobrevivência das próprias empresas. A longo prazo, a cultura da exaustão e a exploração da vulnerabilidade emocional levam à queda da produtividade, ao aumento do absenteísmo e à perda de talentos.

Apenas um ambiente de trabalho saudável e humano pode garantir o sucesso e a sustentabilidade das organizações no futuro.

 

Terapia para que?

1 agosto, 2024

Já pararam para pensar na loucura que é viver nesse mundo na atualidade? Não que antes fosse tranquilo, mas nos últimos anos as coisas mudam tão rápido que a gente mal pisca e já estamos em outra realidade. Imagina que antes a vida era como um quebra-cabeça com peças grandes e fáceis de encaixar. Agora, as peças são minúsculas, irregulares e mudam de lugar o tempo todo! É como se a gente estivesse tentando montar um castelo de areia numa tempestade.

Quando começou a ficar desafiador, o conceito que surgiu para descrever o mundo foi VUCA -  Um mundo Volatil, Incerto, Complexo e Ambíguo. Agora esse conceito já não dá mais conta do recado, pois,  vivemos em um contexto ainda mais desafiador: Brittle, Anxious, Nonlinear e Incomprehensible (BANI) - B frágil, A ansioso, N não linear e I incompreensível -  onde, as transformações constantes e a sobrecarga de informações nos levam a um estado de ansiedade quase crônica, afetando nossas relações, nossa identidade e nosso propósito de vida.  

Tudo fica mais confuso e a gente se vê perdido em meio a tantas transformações. É normal se sentir assim, afinal, somos seres humanos e precisamos de tempo para nos adaptar a essas mudanças.

Mas, e quando esse sentimento de desorientação se torna constante? Quando a ansiedade, a tristeza e a angústia passam a fazer parte do nosso dia a dia? É aí que a gente começa a se questionar: Quem sou eu? O que eu quero da vida? Qual o meu propósito?

É nesse momento que a terapia se torna uma verdadeira aliada. Ao invés de ficarmos à deriva, navegando em um mar de incertezas, a terapia nos proporciona um espaço seguro para explorarmos nossos sentimentos, emoções e pensamentos mais profundos.

Com o apoio de um terapeuta, podemos trabalhar  com mistérios do nosso inconsciente, identificar padrões de comportamento que nos limitam e ressignificar experiências dolorosas. É como se a terapia fosse uma espécie de mapa que nos guia através do labirinto da nossa mente, ajudando-nos a encontrar a saída.

Atuando sob a luz da abordagem junguiana, desenvolvida por Carl Jung um dos mais importantes psicólogos do século XX, na qual acreditava que todos nós carregamos dentro de nós arquétipos, ou seja, padrões universais de comportamento e pensamento que moldam a nossa personalidade.

Ao explorar esses arquétipos, podemos compreender melhor as nossas motivações, medos e desejos. A terapia junguiana nos convida a embarcar em uma jornada de autoconhecimento, buscando integrar as diferentes facetas da nossa personalidade e alcançar um estado de equilíbrio e harmonia interior.

E aí, pronto para essa jornada?

Se você está se sentindo perdido, confuso ou simplesmente precisando de um tempo para cuidar de si mesmo, a terapia pode ser a chave para encontrar um novo significado para a sua vida.

Lembre-se: você não está sozinho nessa! A terapia é um espaço para você ser quem você é, sem julgamentos.

Vamos conversar?

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